Existem cada vez mais Hospitais que
se encontram a implementar sistemas de melhoria da qualidade com base nos
princípios do pensamento "lean" derivados em grande parte do Sistema
de Produção da Toyota (SPT). Este sistema, que distingue dois tipos de
atividades de fabrico - as que agregam valor e as que criam resíduos/desperdícios,
tem como objetivo eliminar o desperdício e maximizar o valor. Os conceitos SPT
têm sido utilizados na Gestão das Organizações há várias décadas e tornaram-se,
nos últimos anos, bastante populares no sector da saúde. Na Saúde, os líderes em
Enfermagem acreditam que os doentes/clientes estão dispostos a pagar os
cuidados (direta/indirectamente) e, por conseguinte, a qualidade inerente aos
mesmos quando se deslocam a um hospital para serem diagnosticados, tratados e
receberem alta, mas não estão dispostos a pagar mais do que isso (ou seja, os resíduos
considerados). Então, surge a questão que é: como remover os desperdícios nos
processos hospitalares para melhorar a eficiência e os resultados nos doentes/clientes?
Antes dos desperdícios serem removidos, estes têm de ser claramente
identificados. O SPT identifica sete resíduos que não agregam valor no negócio/fabrico.
Mark Graban (2009) modificou as definições desses resíduos para se poder aplicar
aos cuidados de saúde e enumerou-os da seguinte forma: potencial humano não
usado, tempo de espera para os procedimentos, ausência de inventário dos
recursos, tempo dos transportes (materiais e pessoas), defeitos (materiais e
nos procedimentos), duplicação de informação, tarefas repetidas e processos
desnecessários. O pensamento “magro” começa com a definição de uma cadeia de
valor - processo específico que é usado para fornecer um serviço aos clientes. Korner
et al. (2011) afirmam que para isto acontecer, a liderança deve responder a
perguntas como: O que é que os doentes pretendem do hospital/serviço? O que é
que os doentes estão dispostos a pagar? Respondendo a estas questões Korner et
al. (2011) definiram um fluxo de valor com foco na melhoria do acesso e
utilização dos serviços, o que reduziu o tempo de internamento, melhorou a
satisfação dos doentes e encurtou os tempos de transferências de doentes. Para
a implementação do pensamento “lean” é necessário o uso das ferramentas “lean”
cuja aplicação visam a melhoria da qualidade dos processos e a eliminação dos
desperdícios identificados. A Enfermagem desempenha um papel fulcral nesta
filosofia da gestão desde o atendimento à alta do doente/cliente devido às acções
que desempenha junto do mesmo.