quinta-feira, 29 de janeiro de 2015
O Pensamento Lean aplicado ao Processo de Cuidar em Enfermagem
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domingo, 11 de janeiro de 2015
Muda, Muri e Mura - os desperdícios e as ineficiências na Saúde
O pensamento “lean” assenta numa classificação em três
tipos diferentes de desperdícios e ineficiências na Saúde: muda (desperdício), muri (dificuldade ou sobrecarga) e mura
(variabilidade e desequilíbrio).
a) Muda: representa qualquer atividade num processo administrativo ou produtivo que não
agrega valor ao cliente, ou seja, um desperdício. Existem dois tipos de muda: tarefas que não agregam valor e
que são desnecessárias (devem ser eliminadas) e tarefas que não agregam valor
mas que são necessárias (ou seja as que devem ser reduzidas). Apesar do muda ser o principal foco de muitos
gestores, a ele se associam o muri e
o mura que não podem ser
menosprezados e que se relacionam entre si.
b) Muri: segundo elemento desta lista designa a sobrecarga
ou dificuldade. Sobrecarga física ou mental nas pessoas. Nas máquinas trata-se
de querer que elas produzam mais do que são capazes.Muri são os
desperdícios criados pela sobrecarga, uma sobrecarga que não é propriamente um
aumento de peso. Quando a demanda excede a capacidade ou quando o rendimento
exigido excede a capacidade de processamento. Este excesso de carga reduz o
fluxo, aumenta a erros e compromete os resultados desejados. Quando se exige de
um profissional de saúde que atenda mais doentes por hora ou que se execute
mais procedimentos de enfermagem/clínicos médicos, isto terá um determinado
impacto na forma como são realizados.
c) Mura: constitui as diferentes variações que são
reconhecidas nos processos e que geram dificuldades de controlo. As variações
nos processos de produção devem ser reduzidas para padrões toleráveis de forma
a que haja maior previsibilidade nos resultados esperados. A existência de mura nos processos pode significar a
ausência de uniformidade ou padronização dos mesmos. Ou seja, mura são irregularidades. Cada um executar as diversas ações de enfermagem ou
procedimentos clínicos médicos da sua forma. O objetivos entre os diversos
praticantes pode ser igual. Assim como o tipo de procedimento para o atingir.
No entanto a forma como o procedimento é executado pode condicionar a forma
como o objetivo é atingido. Por exemplo, perante um determinado diagnóstico
clínico é necessário o doente realizar uma intervenção cirúrgica. O que se
verifica na Saúde é que há variabilidade entre as respostas clínicas assim como
entre as formas de realizar a cirurgia. O mesmo acontece nos procedimentos de
enfermagem. Embora o pessoal de enfermagem procure prestar cuidados de saúde
com uma determinada continuidade, os doentes referem, por vezes, que cada um
realiza conforme o seu juízo crítico.
O mura já
é controlado nas diversas unidades hospitalares através das normas e protocolos
institucionais que são definidos e difundidos entre os serviços que constituem
cada hospital, de forma a que os profissionais trabalhem de forma concertada e
uniforme.
O problema aqui reside em dois aspetos fundamentais:
- os profissionais defendem diferentes percursos
académicos e, como tal, são orientados por diferentes teorias;
- tal como em outras organizações, existe
resistência à mudança característica de estarmos a lidar com seres humanos mas
também devido ao facto de cada um defender a sua teoria, a sua escola.
Daí que padronizar os procedimentos pode diminuir a
sua variabilidade. Ao diminuir a sua variabilidade, teoricamente, controla-se
melhor o resultado esperado. Ao escolher uma única forma de executar os
procedimentos, consegue-se prever de certa forma, quais serão os resultados
esperados e controlar, à partida, variáveis que deixam de ser desconhecidas.
Torna-se fundamental pensar estas três designações
em conjunto. Quando um processo de produção possui irregularidades ou não
obedece a um padrão (mura),
previamente definido, observa-se a ocorrência de sobrecarga de equipamentos e
pessoas (mura) e, por consequência,
aparecerão atividades não agregadoras de valor, ou seja, desperdícios (muda). Desta forma, não adiante pensar
cada um destes componentes de forma isolada. O sucesso de um programa de
melhoria encontra-se em garantir estabilidade ao processo, a qual se obtém:
reduzindo a sua variabilidade (que diminui o mura), garantindo um melhor controlo de variáveis estranhas e
previsibilidade para evitar sobrecargas dos equipamentos ou pessoas no sistema
(que diminui o muri), o que desta
maneira aumenta a probabilidade de diminuir desperdícios (que se englobam no mura).
Na Saúde, os líderes acreditam que os
doentes/clientes estão dispostos a pagar os cuidados (direta/indiretamente) e,
por conseguinte, a qualidade inerente aos mesmos quando se deslocam a um
hospital para serem diagnosticados, tratados e receberem alta, mas não estão
dispostos a pagar mais do que isso (ou seja, os desperdícios considerados).
Nesta abordagem aos desperdícios que se
produzem no sector e na procura de uma maior controlo sobre os mesmos, surgem
três questões:
1) Como remover os desperdícios (muda) nos processos hospitalares para
melhorar a eficiência e os resultados nos doentes/clientes?
2) Como controlar as variáveis estranhas nos processos de produção para evitar sobrecargas (muri) de profissionais e equipamentos de saúde e garantir uma maior previsibilidade nos resultados esperados?
3) Como reduzir a variabilidade (mura) dos procedimentos no sector da saúde entre os diversos profissionais que nela trabalham?
2) Como controlar as variáveis estranhas nos processos de produção para evitar sobrecargas (muri) de profissionais e equipamentos de saúde e garantir uma maior previsibilidade nos resultados esperados?
3) Como reduzir a variabilidade (mura) dos procedimentos no sector da saúde entre os diversos profissionais que nela trabalham?
Deixo estas questões para vossa reflexão e partilha de resposta, caso pretendam.
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