a) Gestão Visual
A Gestão
Visual é uma forma de trabalho normalizada que consiste num método de identificação
visual dos desperdícios, problemas e processos anormais, (Graban, 2009).
Figura.1
Gestão Visual no chão do bloco operatório (MediFilm, 2011).
Segundo Galsworth
(2005) citado por Matos (2011) com esta ferramenta diminui-se o processo de
interpretação e o número de dúvidas que a informação pode suscitar.
b) 5 S
Matos (2011)
defende que esta metodologia é um dos passos fundamentais na construção e
manutenção da casa da melhoria obtendo-se, após uma boa implementação, ganhos
de eficiência, segurança e melhoria do ambiente de trabalho (George, 2008). A
metodologia 5S é representada por cinco princípios (Figura 2).
Figura.2
Sistema 5 S (fonte: Healthcare Performance Partners)
Matos
(2011) define o Sistema 5 S da seguinte forma:
Sort - Senso de utilização; este
princípio passa por classificar todos os elementos existentes na área de
trabalho e eliminar todos os que não são usados.
Stabilize - Senso de ordenação; passa
pela organização do espaço de trabalho, da disposição dos equipamentos que
permita o fluxo de trabalho e todos os equipamentos devem ter o seu lugar de
arrumação.
Shine - Senso de limpeza; o espaço de
trabalho deve estar sempre limpo e a limpeza deve ser diária.
Standardize - Senso de Normalização;
implica a criação de normas que os colaboradores devem cumprir. Trata-se de
tarefas com algum grau de repetição que devem ficar documentadas de forma a
obter-se um fácil entendimento. A gestão visual tem um papel importante.
Sustain - Senso de autodisciplina e/ou
auditoria; este princípio procura a manutenção dos quatro anteriores. Os
colaboradores devem rever diariamente os princípios anteriores. Por outro lado
os gestores podem verificar pela gestão visual se os princípios são cumpridos.
c) Trabalho Normalizado
O Trabalho
Normalizado é a parte mais importante da melhoria contínua (Figura 6) e é comum
encontrar exemplos de normalização num hospital, tanto nos procedimentos
clínicos como não clínicos (Matos, 2011).
O
desenvolvimento de normas de procedimento para as várias tarefas efetuadas num hospital,
procuram reforçar os seguintes pontos:
• Sem
normalização os diferentes procedimentos para a mesma tarefa não resultam em
melhoria e eficiência.
• Sem
normalização não se garante a qualidade do produto ou serviço e a segurança dos
colaboradores e clientes. O aspeto qualidade e segurança estão sempre inerentes
a todos os conceitos Lean.
• Com a
normalização procura-se a melhor forma de atingir um fim.
Graban (2009) define Trabalho
Normalizado como: “The current one best
way to safely complete an activity with the proper outcome and the highest
quality”. O Trabalho Normalizado é uma atitude de melhoria contínua.
É um processo dinâmico que envolve os colaboradores na estruturação das normas.
Este é fundamental pois facilita a detecção dos desperdícios envolvidos nas
tarefas.
d) Value Stream Mapping
Os hospitais
são projetados em torno de funções ou departamentos especializados tal como a
indústria em geral. Cada departamento tem uma gestão independente dos outros,
pois tem um centro de custos próprio, os seus colaboradores, tarefas, funções e
uma gestão própria. Com esta estrutura pode ser esquecida a interligação que
deveria existir entre os vários departamentos dentro e fora de um hospital
(Matos, 2011). É nestas interligações que se detetam os maiores problemas e
desperdícios por se perder o sentido de para quem se está a trabalhar
(cliente), e pela falta de noção de onde vem e para onde vai o trabalho feito dentro
de cada departamento (Graban, 2009). O Value Stream Mapping (Figura 3) é a
ferramenta que ajuda a perceber de onde vêm, o início e fim e para onde vão as
atividades, entre e dentro dos departamentos. Permite ainda a deteção dos desperdícios
e a visualização dos tempos que cada tarefa leva a ser efetuada.
Figura
3. Exemplo de VSM aplicado ao trajeto de um doente politraumatizado (Jimmerson,
2010)
O VSM é
fundamental para o entendimento dos processos e da visão global dos vários
departamentos e como eles comunicam. Segundo Womack & Jones (2003) VSM é: “the set of all the specific actions required to bring a specific
product through the tree critical management task of any business: the
problem-solving task, the information management task, and the physical
transformation task” (Womack & Jones, 2003, p. 19).
E) Ciclos PDCA
Segundo Matos
(2011, p. 22) trata-se de uma abordagem esquematizada à realização da melhoria
continua aplicada à gestão, que se divide em quatro fases:
• Plan,
determina como se vai melhorar.
• Do,
implementa as alterações para a melhoria.
• Check,
compara-se os resultados obtidos com a implementação da melhoria com o
histórico.
• Act, atuar
com base no que se quer como objetivo e no que se atingiu com a implementação
da melhoria, uma nova abordagem voltando ao Plan
Figura 4. Ciclo PDCA (LSSC, 2010).
Com este ciclo
pretende-se reduzir os desperdícios, atingir graus de eficiência e qualidade
superiores, contribuindo para os princípios Lean na procura da perfeição.
F) Single Minute Exchange of Dies
O Single
Minute Exchange of Dies (Figura 5) permite a redução do mura pela otimização
dos fluxos, maior flexibilidade e produção, e menor lead time (Matos, 2011).
Este conceito propõe que é possível efetuar uma mudança da produção de um
produto ou parte para outro diferente, trocar uma ferramenta, efetuar uma
calibração ou teste de qualidade, e que esta mudança pode ser feita em menos de
dez minutos (Shingo, 1985). Para a aplicação do SMED são necessárias cinco
etapas:
• Fase 0 - proceder a observações e
tirar notas
• Fase 1 - definir o que é atividade
externa e interna
• Fase 2 - converter o máximo de
atividades internas em externas
• Fase 3 - simplificar todas as
atividades
• Fase 4 - documentar os procedimentos internos e externos
G) Kanban
O Kanban nos
hospitais é um complemento ao standard work, 5S e visual management, para uma melhor
gestão dos materiais em stock (Graban, 2009). Com o kanban implementa-se o
sistema pull que consiste em o material ou serviços serem puxados só quando o
cliente gera uma ordem de produção (Matos, 2011).
Figura
6. Sistema Pull com sistema gerado
por Kanban (Heizer & Render, 2008).
O
funcionamento do kanban de artigos em stock (Figura 7) é alertar para a
necessidade de encomendar um certo artigo e informar quais as quantidades a
encomendar e quando encomendar.
Figura 7. Exemplo de kanban.
Segundo Matos
(2011) as vantagens do kanban para artigos em stock são evitar:
• Stocks excessivos.
• Ruturas de stock.
• Erros nos pedidos.
• A expiração dos prazos de
validade.
Por seu turno,
as desvantagens são a falta de compromisso dos colaboradores que operam os
kanbans na manutenção do sistema e a dificuldade da manutenção do sistema no
caso da existência de muitos produtos diferentes, de stocks com muitos
elementos, ou em casos de muitas alterações dos produtos num curto espaço de
tempo.
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